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quinta-feira, 17 de março de 2011

E aí mamães, quem já não passou por isso?

Coisas de mãe, como posso explicar?

Hoje minha filha de 5 anos iniciou sua vida escolar na escola de ensino fundamental. Acabou o período tranquilo e integral das escolinhas de Educação infantil, aos pais que ainda usufruem, VALORIZEM, pois é um momento único que não voltará mais.

Durante as férias fui preparando minha filha para a novidade que viria. Elogiei muito a escola, falei sobre tantas e tantas coisas que ela iria aprender e descobrir. A cada dia que passava minha pequena ficava mais animada e não via a hora de ir para a escola. Só esqueci-me de um detalhe: preparar a mim mesma para essa mudança.

Primeiro dia. Arrumada, de banho tomado, cabelos penteados, mochila nas costas e sacolas e mais sacolas de materiais, assim saiu minha filha. Ansiosa, cheia de expectativas e muito, muito feliz ela foi e eu acompanhei-a, claro, também ansiosa, cheia de expectativas e muito, muito insegura, vejam só!

Escola. Muitas crianças correndo de um lado para o outro, mães, pais misturavam-se em meio aquela “loucura” encantadora. Os pequenos se divertiam aos olhos medrosos de seus pais, e sim, eu estava nesse grupo. Nunca imaginei que um dia iria sentir o que eu estava sentindo. Poxa vida, sou professora, já aconselhei vários pais nessa situação, critiquei alguns também pelo excesso de proteção e hoje era eu, Eu, que estava ali diante de tudo isso, me sentido impotente.

Tocou o sinal, frio na barriga. Minha filha olhava para todos os lados tentando descobrir quem, enfim, seria sua professora, e eu olhava para ela. Imaginava como seria depois que eu saísse, e se saísse. Como ela iria se virar sem mim, sem meus cuidados. E se ela caísse, e se ela não encontrasse o banheiro, e se ela não suportasse a pressão na sala de aula? E se, e se...

A professora chegou com uma voz doce, delicada. Foi paixão a primeira vista das crianças para com a professora. Entramos com eles na sala, minha filha logo sentou em uma cadeira junto com alguns “colegas”. Fui até ela, tentei ajudar, ela olhou para mim e disse:

_ Não, mamãe, pode deixar, eu sou mocinha agora.

O QUÊ?????? MOCINHA!!!!!! Da onde ela tirou isso? Você é meu NENÊ! É, quase surtei, vi meu nenê se virando sozinha, e o pior, não queria mais a mamãe ajudando. Aquietei-me um pouco. Chega! Logo ia dar bandeira e os outros pais iam perceber e o mico seria geral, tá, duvido que eles não estivessem sentindo o mesmo, talvez não com tanta intensidade como eu, mas estavam sofrendo, isso eu tinha certeza.

A professora, com aquela “vozinha” de anjo, que podia tranquilizar qualquer ser no mesmo instante, começou a falar. Saudou as crianças, falou de como seria legal aquele ano, com tantos amigos, de como iriam fazer trabalhinhos bacanas, de como iriam aprender, de como iriam se divertir. Conversa vai, conversa vem e aí ela disse o que eu não esperava ouvir tão cedo:

_ Agora vocês vão dar um abraço na mamãe e no papai e depois eles vão para casa e as 11h. e 30 min. vem buscar vocês.

NÃO! Eu não vou conseguir, eu não posso ir, não posso deixar meu nenê. Olhei para ela apavorada e ela olhou para mim com os olhos tão brilhantes que poderiam me cegar, se isso fosse possível. Levantou da cadeirinha e veio em minha direção. Isso! Vem! Ela ainda sente minha falta, vai ser difícil para ela se afastar de mim. Ufa, e eu que achei que seria o fim, nossa que melodramática. Abri meus braços para acolhê-la e ela se acomodou entre eles. Ah, como era bom sentir aquele cheirinho, sentir aquela pele tão macia colada em meu rosto. Não se preocupe minha pequena, a mamãe está aqui, não vou deixar que nada aconteça contigo. E então o inesperado aconteceu.

Ela se desprendeu do meu abraço maternal, olhou nos meus olhos e disse, mais uma vez daquela forma que há poucos instantes dirigiu-me a palavra:

_ Deu mãe, pode ir. Depois vem me buscar, mas espera lá no portão. Eu já sou grande agora.

Agora foi infarto? Ainda não foi dessa vez, mas fiquei fora do ar por alguns segundos, até a hora em que ouvi a professora:

_ Pode ir agora, mamãe!

Aquela voz parecia tão distante e, ao contrário de antes, agora aquela vozinha “ caramelada” me irritava, parecia que vinha das trevas:

_ Agora vá, mamãe. Sua filha agora será minha!

Olhei para a professora, é acho que eu estava em êxtase, olhei mais uma vez para minha filha, esperando quem sabe pelo último suspiro dela, mas nada, nada. Ela nem me olhava mais, estava escondida atrás das cartolinas, lápis de cor, giz de cera, tintas e...E eu fui saindo, fui andando me dirigindo até a porta, desolada, abandonada. Saí e diante dos meus olhos a porta se fechou. E agora o que seria de mim? Estava sozinha, precisava de carinho, de atenção! PÁRA! PÁRA TUDO! Que nada, não foi pra tanto, apenas palavras de uma escritora. Literatura mexe com a cabeça de qualquer um.

Não foi bem assim que terminou, claro, confesso que sofri, cortei o cordão umbilical pela segunda vez, sendo que a primeira foi com 4 meses, mas como da primeira vez aguentei firme. Depois de aguardar alguns minutos em frente à porta fechada, caso ela ainda viesse ao meu encontro, coisa que não aconteceu, decidi me retirar da escola. Entrei no meu carro e de mansinho, com os olhos arregalados para a janela da sala de aula fui partindo, contando os minutos para voltar a vê-la e tê-la de volta ao meu lado. E essa hora chegou, e foi outro susto. Mas, esse, deixo para contar depois, em outra história, pois hoje já ultrapassei minha cota de micos. Coisas de mãe, como posso explicar?

Márcia Funke Dieter
março/2011

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